segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Como Festejei o Fim do Mundo / Romênia 2006

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TÍTULO: Como Festejei o Fim do Mundo
TÍTULO ORIGINAL: Cum mi-am Petrecut Starsitul Lumii
PAÍS/ANO: Romênia, França/2006
DURAÇÃO: 106 min
GÊNERO: Drama
DIREÇÃO: Catalin Mitulescu
ROTEIRO: Catalin Mitulescu e Andreea Valean
ELENCO:
Doroteea Petre (Eva Matei)
Timotei Duma (Lalalilu Matei)

Ionut Becharu (Alexandru 'Vomicã')
Jean Costantin (Floriclã)
Mircea Diaconu (Grigore Matei)
Valentin Popescu (professor de música)
Nicolae Praida (Titi)
Marius Stan (Tarzan)
Marian Stoica (Silvicã)
Corneliu Tigancu (Bulba)
Carmen Igureanu (Maria Matei)
Cristian Vararu (Andrei)
Florin Zamfirescu (diretor do colégio)



SINOPSE:

04

Bucareste, Romênia, 1989: último ano da ditadura Ceausescu. Eva, de 17 anos, mora com os pais e o irmão de sete anos. Certo dia, na escola, ela e o namorado quebram, por acidente, um busto com a imagem do ditador romeno. Após serem forçados a confessar o crime perante um comitê disciplinador, a jovem acaba sendo expulsa da escola e transferida para um reformatório. Lá, ela conhece Andrei, com quem decide fugir da Romênia atravessando o rio Danúbio. Ganhador do prêmio de melhor atriz na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2006.
Últimos meses do Nicolau Ceausescu na Romênia. Após destruir, com o namorado, busto do ditador, Eva é expulsa da escola e enviada para reformatório. Sua família, que vive com medo, recebe ajuda financeira de policial mal visto pela vizinhança, enquanto Lali, irmão caçula de Eva, fabrica planos mirabolantes e imagina sonhos impossíveis para sobreviver em meio à opressão que o cerca.

Em Como Festejei o Fim do Mundo, Catalin Mitulescu poderia facilmente se colocar aos olhos de Lali, descambando ou para a representação onírica e surreal dos acontecimentos, ou para a construção de personagens com os pés fincados no exagero carnavalesco (todos os vizinhos de Eva, simpáticos e cordiais, se prestariam a tal jogo). No entanto, o cineasta escapa da armadilha, uma vez que substitui a alegria exultante, teatral, estilizada, fake e over de Emir Kusturica pela narrativa seca e direta, em que poucas emoções são demonstradas, na qual os personagens se contêm talvez com temor da ditadura que paira sobre suas cabeças e dos espiões à espreita. São planos bem enquadrados, corretos, quase acadêmicos; os movimentos de câmera se restringem a acompanhar a ação, sem malabarismos; luz e core escuras, opacas, fechadas; corta-se quando a cena se esgota, nem se prolonga, nem se antecipa: Mitulescu, desde o título – Como Festejei o Fim do Mundo –, parece negar e ironizar a possível influência do diretor sérvio de Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios, Underground, Mentiras de Guerra, Vida Cigana e A Vida É Um Milagre. Não há festa, real ou simbólica, apenas a revolta muda, a espera agonizante e as tentativas desesperadas de abandonar o inferno.

Eva, de fato, tenta fugir para a Itália, ao travar amizade com novo e misterioso vizinho, transferido pelo governo ao bairro por, supostamente, manter atividades suspeitas. O envolvimento entre os dois, a cumplicidade crescente, leva à crise da relação entre Eva e o namorado e, em conseqüência, dela com a família, que depende dos favores econômicos e da influência política do pai / policial do, quem sabe, futuro marido da filha. Mitulescu realiza o clássico filme de comunidade, em que grupo social restrito atravessa conjuntamente as transformações que o meio lhe impõe, mas subverte a fórmula, na medida em que desloca e individualiza a protagonista quanto aos demais. Desajustada, a heroína de Como Festejei o Fim do Mundo se encastela no orgulho ferido, no ódio e na angústia contra as políticas do medo e do toma-lá-dá-cá que imperam na Romênia, fazendo de todos vassalos e cordeiros assustados. O único interlocutor com que Eva pode se expressar é seu irmão, Lali, de quem o cineasta retira traços em geral trabalhados nas crianças (doçura, inocência) para torna-lo corpo ainda mais estranho, verdadeiro paria que transita pelos acontecimentos históricos e os curto-circuita.

Lali decide recitar poema para Ceausescu a fim de mata-lo e, coincidência ou não, sua presença precipita as manifestações populares que derrubam a ditadura comunista. Ao contrário, por exemplo, de Forrest Gump, que apenas observa passivamente a História que o atravessa, indiferente e estúpido a ela, o menino de Como Festejei o Fim do Mundo a sente nos ossos, visualiza cada ínfima flutuação do ambiente – nas febres constantes que tem, quando busca o suicídio após a fuga da irmã, ao amaldiçoar o dente de leite que o impede de receber prêmio na escola. Mais do que simples narrador dos fatos que presencia, Lali se faz agente da mudança, como todos os vizinhos que, não satisfeitos em assistir a queda do regime pela TV, saem eles mesmos às ruas para participar do momento e comemorá-lo.

Catalin Mitulescu encarna o sonho de liberdade que seus personagens nutrem nas diversas imagens de barcos e de navios que aparecem ao longo de Como Festejei o Fim do Mundo. O diretor, porém, não se ilude, pois sabe que a morte de Ceausescu e de seu regime trouxe a economia de mercado e o capitalismo para o país. Eva é livre, agora, como comissária de bordo do transatlântico de luxo, longe da família, com seus óculos Adidas? Para onde vai o navio? Qual o futuro da Romênia? Mitulescu não conhece as respostas, mas soube fazer as perguntas. (Paulo Ricardo de Almeida - http://www.contracampo.com.br/82/festcomofestejei.htm)

IMAGENS:


TRAILER:



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