A Leste de Bucareste / Romênia 2006
TÍTULO: 12:08 A Leste de Bucareste
TÍTULO ORIGINAL: A Fost Sau n-a Fost?
PAÍS/ANO: Romênia/2006
DURAÇÃO: 89 min.
GÊNERO: Comédia, Drama
DIREÇÃO: Corneliu Porumboiu
ROTEIRO:Corneliu Porumboiu
MÚSICA: Rotaria Group
ELENCO:
Mircea Andreescu (Emanoil Piscoci)
Teodor Corban (Virgil Jderescu)
Ion Sapdaru (Tiberiu Manescu)
Mirela Cioaba (Doamma Manescu)
Luminita Gheorghiu (Doamma Jderescu)
Cristina Ciofu (Vali)
Lucian Iftime (Lica)
Annemarie Chertic (Vera)
Petrica Sapdaru (Petrica)
Catalin Paraschiv (barman)
George Guogingyun (Chen)
Constantin Dita (Tibi)
Daniel Badale (professor)
SINOPSE:
22 de dezembro. Já se passaram 16 anos da revolução, e o Natal se aproxima. Pisconi, um velho aposentado, prepara-se para passar a data sozinho. Manescu, um professor alcoólatra de História, não quer gastar todo seu salário pagando dívidas. E Jderescu, proprietário da emissora local de TV, não parece muito interessado em férias. Quando Manescu socorre Pisconi, ele espera encontrar uma resposta para uma questão que o aflige há 16 anos: aconteceu de fato uma revolução naquela cidade? Eles relembram o dia em que o ditador Nicolae Ceausescu foi expulso de Bucareste, Romênia, num helicóptero.
Numa cidadezinha sonolenta a leste de Bucareste, exatos 16 anos depois da queda do regime comunista na Romênia, o apresentador de uma estação de TV mambembe resolve celebrar a data histórica com um talk show ao vivo. Procura heróis locais, mas a tarefa não é fácil naquele feriado modorrento. Consegue trazer ao estúdio um professor de reputação alcoólica e um velho aposentado que faz bicos de Papai Noel. Eles juram que gritaram “Abaixo Ceausescu!” antes do fatídico 12h08 de 22 de dezembro de 1989, momento preciso em que a TV anunciou a queda do ditador.
O resto de A Leste de Bucareste é uma avalanche de comicidade irresistível, numa chave de humor sonso e autoderrisório muito típica do Leste europeu. A quase totalidade do filme se passa no estúdio, ou melhor, no quadro da lente do cinegrafista da TV. A falta de qualquer verniz profissional na equipe e na estética do programa, assim como a exposição completa de todos os ajustes técnicos, torna divertida a própria “moldura” em que vemos transcorrer o tal debate. E quanto a este, logo transforma-se em patuscada à medida que os telespectadores começam a se manifestar e a discussão vai incorporando boa parte da comunidade.
É onde emerge a dimensão política do filme de Corneliu Porumboiu. As contradições e os desmentidos dos alegados feitos heróicos põem em dúvida não só a participação da cidade na revolução, como até mesmo a existência de uma revolução. Os temas da automitificação – seja individual ou coletiva – e da construção de heróis-de-pés-de-barro, tão caros ao cinema (basta lembrar A Conquista da Honra, A Estratégia da Aranha, Uma Cidade sem Passado), ganham aqui um exemplar modesto na produção, mas notável na solução dramatúrgica. E com uma inversão fundamental, pois nesses casos geralmente é o coletivo que protege os mitos, enquanto certos indivíduos se insurgem contra ele. Aqui, é a comunidade que denuncia a farsa, num impulso autodestrutivo e antifantasioso que parece dizer muito sobre o espírito romeno.
O caráter patético da vida sob o comunismo versão Ceausescu, que se pode extrair das referências ao passado, não parece de todo extinto no país atual. Está claro que o diretor-roteirista mirava a Romênia de hoje, ainda defasada econômica e culturalmente e sem uma identidade política constituída. Entre as poucas coisas que devem ter melhorado de verdade está justamente o cinema. Cannes consagrou recentemente A Morte do Senhor Lazarescu (vencedor da mostra Un Certain Regard em 2005), A Leste de Bucareste (Cámera d’Or em 2006) e Quatro Meses, Três Semanas e Dois Dias (Palma de Ouro e Prêmio da Crítica na edição deste ano). Já é o bastante para se falar numa onda de cinema romeno. Talvez seja exagero, mas que há uma marola, isso há. (Carlos Alberto Mattos - www.criticos.com.br )
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