TÍTULO: Nossa Hospitalidade
TÍTULO ORIGINAL: Our Hospitality
PAÍS/ANO: EUA/1923
DURAÇÃO: 74 min
GÊNERO: Comédia
DIREÇÃO: Buster Keaton, John G. Blystone
ROTEIRO: Jean C Havez OBS: Mudo/P&B
ELENCO: Buster Keaton - Willie McKay (21 anos)
Joe Roberts - Joseph Canfield
Ralph Bushman - Clayton Canfield
Craig Ward - Lee Canfield
Monte Collins - The Parson
Joe Keaton - The Engineer
Kitty Bradbury - Aunt Mary
Natalie Talmadge - Virginia Canfield
Buster Keaton Jr. - Willie McKay (1 ano de idade)
SINOPSE: Um homem retorna para sua cidade natal, onde terá que enfrentar uma tradição entre sua família e outra família rival: seus antepassados tinham o costume de matarem-se. As coisas complicam quando ele apaixona-se pela filha do chefe da família rival, sem saber de sua procedência.
Nossa Hospitalidade é a demonstração do humor típico da era muda. Uma comédia que vive quase que exclusivamente de encontros e desencontros, de timing, de riso fácil e despretensioso. Se hoje aparenta ser apenas uma esquete de maior duração, é porque atores da geração de Keaton inventaram isso justamente no cinema. O filme é ágil, movimentado, não possui muitos diálogos. Há cenas descomunais, como a viagem de trem de McKay (Keaton) para retomar à propriedade da sua família. Esta é uma das melhores seqüências envolvendo trens da história do cinema, embora seja inferior à seqüência de A General (esta, perfeita), obra-prima máxima de Keaton.
Todos os personagens são agradabilíssimos, até um cão que segue seu dono possui enorme personalidade, sendo peça fundamental para o humor do filme, ainda que não seja o centro das atenções da história. O romance entre McKay e a filha da família rival (os Canfield) consegue unir todos os personagens, além de ter sido absolutamente bem montado e, sobretudo, crível. Keaton vive no filme mais um personagem típico de sua carreira onde, ao contrário de Chaplin, que teve em um vagabundo a inspiração de sua carreira, ele interpretava a burguesia ou personagens bem de vida – ainda que sempre fizesse disso uma piada constante.
O filme não funciona especificamente como uma crítica a nada em especial e nem pode-se dizer que possua importância política. A simplicidade de seu objetivo – o de entreter – é seu grande charme, como geralmente acontece com os grandes comediantes, que vêem na arte importância maior do que simples politicagens passageiras. Para chamar a atenção, bastava Keaton estar em cena, aparentando passividade (mas sempre esperto para tudo) e assim, quando menos se espera, somos brindados com seqüências inimagináveis – a já citada seqüência do trem, além de uma seqüência rio abaixo – que são perfeitas apenas pelo que são, e não pelo que querem ou deveriam dizer ou significar.
E um filme como Nossa Hospitalidade define bem o cinema de Buster Keaton. Falar sobre seus outros filmes importantes como A General, Boxe por Amor, Bancando o Águia, etc., não seria tão diferente quanto foi falar sobre este aqui. Assim como Chaplin, Keaton teve no início de sua carreira, nas primeiras décadas do século XX, inúmeros curta-metragens, onde demonstrava seu talento nato para a comédia. Depois o cinema cresceu como arte e como negócio, e média e longa-metragens consolidariam para todo o sempre esse talento e marcariam seus personagens únicos. Talento que merece ser reconhecido e divulgado. Com o fim do VHS e popularização de melhores formatos para se armazenar cinema (sem falar da própria Internet), isso finalmente está acontecendo. Experimente! (Alexandre Koball - http://www.cineplayers.com/critica.php?id=860