quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Cão Andaluz / França 1929


TÍTULO: O Cão Andaluz
TÍTULO ORIGINAL: Un Chien Andalou
PAÍS/ANO: França / 1929
DURAÇÃO:
16 min
GÊNERO:
Fantasia
DIREÇÃO:
Luis Buñuel
ROTEIRO:
Luis Buñuel, Salvador Dalí
OBS: Mudo/P&B/Curta
ELENCO:
Simone Mareuil - Menina (como Simonne Mareuil)
Pierre Batcheff - Homem (como Pierre Batchef)


SINOPSE: Com roteiro co-escrito por Salvador Dalí, Luis Buñuel estreou como diretor e ator neste curta-metragem, o marco inicial do surrealismo no cinema. À luz da psicanálise, Buñuel e Dalí exploram o inconsciente humano, numa seqüência de cenas oníricas, incluindo o célebre momento em que um homem corta, com uma navalha, o olho de uma mulher.


-A primeira cena mostra uma mulher que tem seu olho cortado por uma navalha por um homem. O homem com a navalha é interpretado pelo próprio Buñuel. Numa cena seguinte aparecem formigas saindo da mão do ator, uma possível alusão literária à expressão francesa fourmis dans les paumes (formigas nas mãos) que significa "um grande desejo de matar".

-Alguns críticos resenham o filme indicando que seu enredo seria uma viagem à mente perturbada de um assassino e as suas confissões traduzidas em imagens, porém, tal interpretação é vaga, pois por se tratar de uma história surrealista, o senso e a ordem natural das coisas são ausentes.



-Este filme é tratado como o ícone do cinema do descrito manifesto surrealista de André Breton, pois rompe com toda a lógica e linearidade narrativa e tem a presença do mundo onírico. A idéia derivada dos próprios sonhos de Salvador Dali e Buñuel e complementada pela justaposição de imagens apontadas pelos dois, criou um curta cheio de imagens desconexas, e algumas até chocantes, como a do globo ocular sendo seccionado. O efeito causado nos espectadores foi a tentativa de achar uma lógica para imagens, criando uma série de interpretações, todas presas nos valores vigentes. A resposta estava no inconsciente.



Roteiro de O Cão Andaluz

Na edição da revista La Révolution Surréaliste de nº12 de 15 de dezembro de 1929, foi publicado o presente argumento de Um cão andaluz. Na introdução, Luís Buñuel explica: "A publicação deste argumento em La Révolution Surréaliste é a única que eu autorizo. Ela exprime, sem qualquer reserva, minha completa adesão ao pensamento e à atividade surrealistas. Um cão andaluz não existiria se o surrealismo não existisse. Um filme de sucesso, é isso o que pensa a maioria das pessoas que o viram. Mas, que posso fazer contra os cultores de toda novidade, mesmo se essa novidade ultraja suas convicções mais profundas, contra uma imprensa vendida ou insincera, contra essa massa imbecil que achou belo ou poético o que, no fundo, não passa de um desesperado, apaixonado apelo ao homicídio?"


Prólogo


Era uma vez...
Um balcão de noite. Um homem afia sua navalha junto do balcão. O homem olha o céu através dos vidros e vê...
Uma nuvem clara avançando para a lua cheia.
Depois, uma cabeça de moça, de olhos arregalados. A lâmina da navalha dirige-se para um dos olhos dela.
Agora a nuvem passa pela lua.
A lâmina da navalha atravessa o olho da moça, secionando-o.


Fim do prólogo


Oito anos depois.
Uma rua deserta. Chove.
Uma personagem, vestida com uma roupa cinza escura, aparece de bicicleta.
Tem a cabeça, as costas e a cintura envoltas em panos brancos.
Em seu peito está presa, por correias, uma caixa retangular, listrada em diagonal de preto e branco. A personagem pedala maquinalmente, o guidão livre, as mãos pousadas nos joelhos.
A personagem vista de costas até as ancas em P.A., superimpressão no sentido longitudinal da rua na qual ele circula de costas para a câmara.
A personagem avança até à câmara até que a caixa listrada esteja em primeiro plano.
Um quarto qualquer num terceiro andar dessa rua. No meio está sentada uma moça vestida com uma roupa de cores vivas, que lê atentamente um livro. De repente estremece, escuta com curiosidade e afasta o livro atirando-o sobre um divã próximo. O livro cai aberto. Numa das páginas, vê-se uma reprodução de A Rendeira, de Vermeer. A moça está agora convencida de que alguma coisa está acontecendo: levanta-se, dá meia-volta e vai à janela com passo rápido.
A personagem de há pouco acaba de parar, em baixo, na rua. Sem opor a menor resistência, por inércia, cai na sarjeta com a bicicleta, no meio de um monte de lama.
Gesto de cólera, de rancor, da moça que se precipita para as escadas para ir à rua.
Primeiro plano da personagem caída no chão, sem nenhuma expressão, na posição idêntica à do momento da queda.
A moça sai de casa, correndo para o ciclista e o beija freneticamente na boca, nos olhos, no nariz.
A chuva aumenta a ponto de fazer desaparecer a cena precedente.
Fusão com caixa, cujas listras oblíquas superpõem-se às da chuva. Mãos contendo uma pequena chave abrem a caixa, da qual retiram uma gravata embrulhada em papel de seda. É preciso considerar que a chuva, a caixa, o papel de seda e a gravata devem ter listras oblíquas, apenas variando o tamanho delas.

Para ler o texto na íntegra, clique aqui.
Para ler o artigo de Buñuel sobre sua concepção de cinema, clique aqui.

Para ler o artigo sobre o surrealismo da obra de Buñuel, clique aqui.

Para ler a reportagem do jornal El País "Buñuel, el fotógrafo", clique aqui.

Conheça um pouco de Luis Buñuel, clique aqui.

Conheça um pouco de Salvador Dalí, clique aqui.

IMAGENS:





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1 Comentário:

Unknown 19 de fevereiro de 2012 às 21:51  

Erro no download :/

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